sábado, 25 de fevereiro de 2012

Igreja Saint Mina, Imbaba, Egito

Um grupo de 500 muçulmanos cercou, na noite de sábado (7 de maio), uma igreja cristã no bairro de Imbaba, no Cairo. A ação deu início a um conflito que resultou na morte de 12 pessoas; há pelo menos 220 pessoas feridas. Dois templos foram incendiados. A imprensa “islamicamente correta” — o “politicamente correto” de turbante — tem tratado a questão como “confronto entre cristãos e muçulmanos”. Errado! Desde a chamada “revolução democrática”, a minoria cristã copta, 10% da população, tem sido implacavelmente perseguida pelas mais variadas correntes muçulmanas. Invasão e destruição de igrejas e casas de cristãos mereceram senão pequenas notas na imprensa, como se fossem casos isolados. Não são.
A ocorrência do sábado teria sido provocada por um grupo de militantes salafistas, corrente extremista do Islã que tem ganhado vulto depois da queda de Mubarak. A intolerância religiosa é crescente. Esses eventos expõem o caráter da chamada “revolução democrática” no Egito.


Mas para quem acha que a intolerância religiosa no Egito é um fenômeno recente, segue abaixo trecho do depoimento do viajante dinamarquês Carsten Niebuhr, que esteve no país no século XVIII:
"No Cairo, nenhum cristão e nenhum judeu pode mostrar-se montado em um cavalo. Eles só montam em burros e devem desmontar tão logo se deparam com um egípcio, mesmo o menos importante. Os egípcios só saem em cavalos e precedidos por um servo insolente que, armado com um grande bastão, adverte o homem no burro para mostrar os sinais obrigatórios de respeito pelo seu mestre, gritando: "Infiel, desmonte! ...
É verdade que no Egito essas distinções entre muçulmanos e pessoas pertencentes a outras religiões são feitas em uma escala maior do que em qualquer outro lugar no Oriente. Cristãos e judeus devem ir ao chão até mesmo em frente a casa do Cadi; na frente de mais de cerca de vinte outras casas onde os juízes dão justiça, em frente ao portão dos janízaros e na frente de várias mesquitas. Não é tolerado que eles passem na frente de várias mesquitas muito veneradas por sua santidade ou pelo bairro al-Karafe, onde muitos túmulos e casas de oração estão localizados; eles devem fazer um desvio para evitar estes lugares, ja que o próprio terreno é tão sagrado aos olhos do povo que não se pode tolerar que seja profanado pelos pés dos infiéis."

[M. Niebuhr, Travels through Arabia and Other Countries in the East, vol. I (Edinburgh 1792), pp 81-82. Quoted by Yahudiya Masriya, pp 29-30]

Essa descrição foi confirmada algum tempo depois por um membro do grupo de pesquisas científicas de Napoleão, que visitou o Egito com ele:
"Os cristãos e os judeus eram obrigados a desmontar de seus burros."

[Tableau de l'Egypte pendant le sejour de l'Armee francaise, par A.G....D, membre de la Commission des Sciences et Arts, seant au Kaire, an XI, 1800, vol. I, p 14. Quoted by Yahudiya Masriya, p 30]

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