terça-feira, 28 de fevereiro de 2012

Muro das Lamentações, Jerusalém, Israel



Judeus rezando no Muro das Lamentações no ano de 1889


Em 1854, antes mesmo do início do movimento sionista (sua primeira convenção foi no ano de 1897), a população judaica da Palestina já era de dezenas de milhares. De acordo com o censo Otomano, como reportado por Marx, a maioria da população de Jerusalém era judia já em 1844.
Como sabemos, Karl Marx não demonstrava nenhum apreço por suas origens judaicas (seus pais eram judeus convertidos ao protestantismo). No seu "A questão judaica" (1843) ele é tão virulentamente anti-judeu que até anti-semitas austríacos costumavam republicar seus escritos.
Já em cartas endereçadas a Engls ele se referia aos seus oponentes com origens judaicas em termos tão odiosos que hoje o levariam a prisão. Apesar de tudo isso, em um artigo escrito em 1854, após uma viagem para a Palestina sob o domínio do Império Turco Otomano, Marx focou sua atenção na vida dos judeus da Terra Santa. Curiosamente, esse artigo parece ser o único momento de sua vida em que ele demonstra alguma empatia para com os judeus:

Os muçulmanos, formando cerca de quarta parte do todo, e constituídos por turcos, árabes e mouros, são, naturalmente, os mestres em todos os aspectos, já que eles não são afetados de forma alguma pela fraqueza de seu governo em Constantinopla. . . Nada se compara a miséria e ao sofrimento dos judeus em Jerusalém, onde habitam o bairro mais sujo da cidade, chamado de  Hareth-el-yahoud, este quarteirão de imundice entre o Monte Sião e o Monte Moriá , onde estão situadas suas sinagogas eles são os objetos constantes da opressão e intolerância dos muçulmanos, insultados pelos gregos, perseguidos pelos latinos e vivendo apenas das escassas esmolas enviadas pelos seus irmãos europeus.

Publicado no New York Daily Tribune em 15 de abril de 1854. Ver Marx/Engels, Collected Works, Volume 13 (1980), pp. 100-108. A passagem citada aparece nas páginas 107-108.


Na continuação Marx ainda informa, baseado no censo conduzido pelo imperio Otomano, que a população de Jerusalém era de 15.500 habitantes - 8.000 judeus e 4.000 muçulmanos (incluídos aí árabes, mouros e turcos).


Desde então os judeus sempre formaram a maioria da população da cidade - inclusive na parte oriental, de onde só saíram como refugiados depois da ocupação de Jerusalém pela Jordânia (1948-1967), quando a maioria de suas propriedades foi ocupada por árabes.

http://en.wikipedia.org/wiki/Islamization_of_Jerusalem_under_Jordanian_occupation

segunda-feira, 27 de fevereiro de 2012

Igreja da Natividade, Belém, Israel (território sob controle da Autoridade Palestina)

Interior da Igreja da Natividade, Belém


O número de cristãos em Belém, cidade considerada o local onde Jesus nasceu, está diminuindo vertiginosamente. Em 1947, cerca de 75% da população da cidade era cristã, em 2000 cerca de 40%, agora são apenas 15%.
E, de acordo com algumas previsões, os últimos cristãos deverão deixar a cidade antes de 2025.

"Creio que em alguns dos vilarejos o número de cristãos é zero", disse à BBC Simon Azazian, integrante da Sociedade Bíblica Palestina. "Em Birzavit, por exemplo, 100% eram cristãos, depois (a porcentagem) caiu para 60%, agora são 40% e esse número continua baixando."
Alguns cristãos dizem que esse êxodo se deve ao fundamentalismo islâmico:
"Eles introduzem em nossa cultura e na nossa sociedade uma visão da religião que não tem nada a ver com o nosso contexto e nem com a nossa história", disse à BBC o sacerdote luterano Mitri Raheb.
"Isto não é apenas uma ameaça para a comunidade cristã palestina, mas também para toda a sociedade palestina, já que tentam nos mandar de volta para a Idade Média", acrescentou.

Outros cristãos ressaltam que a decisão de ficar em Belém ou ir embora depende de vários fatores.
"Depende da situação política, que afeta a situação econômica", afirmou George Sa'ada, da Igreja Ortodoxa Grega.
"Antes, estimulávamos os jovens a ficar e trabalhar aqui, mas agora, lamentavelmente, não podemos obrigá-los a ficar porque querem ganhar a vida. Se não tem oportunidade aqui, claro que vão emigrar e procurar uma vida melhor fora", explicou.
Alguns temem que, dentro de 15 anos, os únicos cristãos de Belém serão os milhares de peregrinos que chegam durante o período de Natal.


Um grande número de cristãos árabes participa do movimento nacionalista palestino; por isso, quando têm que explicar a redução da população cristã na Cisjordânia e em  Gaza, preferem apontar para as difilcudades criadas por Israel (único país no Oriente Médio onde a população cristã cresceu) no contexto  dessa já secular disputa política. Há uma razão para que evitem denunciar  a verdadeira causa do êxodo. É a mesma razão que impede o Vaticano de falar  publicamente sobre o assunto. E a mesma que faz com que organizações cristãs,  no Reino Unido, por exemplo, também se calem. A razão é que, no contexto  da situação dos direitos humanos que prevalece em todo o Oriente Médio  muçulmano, protestar contra o mau tratamento da minoria cristã, pensando com isso defendê-la, é o meio mais certeiro de assegurar a piora do tratamento que ela recebe.


Grande sinagoga de Oran, Argelia


Segundo alguns estudiosos, a presença judaica na Argélia remonta ao final dos tempos romanos, provavelmente desde a destruição do Primeiro Templo, cerca de 2600 anos atrás.
Em 1931 os judeus  constituíam menos de 2% da população da Argélia, mas as maiores cidades do país - Argel, Constantine e Oran - tinham populações judaicas com mais de 7%.

A Grande Sinagoga de Oran [foto], na Argélia, foi construída e consagrada em 1880 por iniciativa de Simon Kanoui, mas sua inauguração só aconteceu em 1918. Também conhecida como o Templo Israelita, a sinagoga estava localizada na antiga avenida Joffre, atualmente chamada de boulevard Maata Mohamed El Habib e agora é conhecida como mesquita Abdellah Ben Salem. Oran era uma das maiores e mais belas sinagogas do norte da África. Após a independência da Argélia, a sinagoga foi confiscada pelo governo - com apoio maciço da população - e transformada em uma mesquita. Outras dezessete sinagogas foram confiscadas pelo governo argelino.

O Código de Nacionalidade da Argélia independente, promulgado em 1963, concedeu a cidadania somente aos muçulmanos, permitindo que somente os indivíduos cujos pais e avós paternos tivessem origem muçulmana pudessem se tornar cidadãos do novo Estado. Todos os residentes de origem francesa ou judaica - que precederam a ocupação islâmica do país por muitos séculos - foram obrigados a se exilar. No final da ocupação francesa da Argélia, todos receberam a cidadania francesa e emigraram para o país.

domingo, 26 de fevereiro de 2012

Fronteira Israel x Líbano - o sionismo dos cristãos maronitas


Ao invocar o nome ‘Líbano’ nos dias de hoje, nos vêm a mente imagens de jihadistas fanáticos e enlouquecidos, mas nem sempre foi esse o caso. De fato, houve uma época em que existiu uma forte tendência pró-sionismo dentro da Igreja Maronita do Líbano (a maior e mais poderosa comunidade religiosa de então). O movimento foi liderado pelo patriarca maronita Pierre Antoine Arrida e pelo arcebispo Ignace Mubarak de Beirute. A união era natural, já que ambos os grupos eram minorias religiosas numa região hostil dominada por muçulmanos.

Tudo começou quando a Igreja se aproximou da agência judaica e um pacto foi formado (que deveria ser mantido sob sigilo, para não despertar a ira dos muçulmanos).
A postura da Igreja não refletia um consenso de opiniões entre a população cristã – o partido Falange, fundado por Pierre Gemayel, não apoiou a criação do Estado de Israel principalmente por causa de preocupações econômicas. O partido também não apoiava os isolacionistas da Igreja que queriam criar um Estado cristão independente no Monte Líbano e em seus arredores.

PRIMEIROS ENCONTROS
O primeiro encontro entre os colonos judeus e libaneses foi sob circunstâncias infelizes. Durante a guerra maronita-drusa de 1860 – que teve os drusos com vitoriosos e os maronitas como vítimas de grandes massacres – os libaneses, em desespero, se voltaram para a Europa em busca de ajuda. As duas primeiras personalidades europeias a responder foram Sir Moses Montefiore, um abastado líder judeu londrino, e Adolph Cremieux, um ilustre estadista francês também de origem judaica. Montefiore garantiu que a situação dos maronitas receberia cobertura de destaque no periódico ‘Times’ de Londres e criou um fundo, com seus próprios recursos, para ajudar os sobreviventes. Já Cremiuex teve papel fundamental no envio das tropas francesas para o Líbano. A intervenção francesa acabou por salvar os cristãos e levou a criação de um terrotório controlado por maronitas chamado Mutasarifiya.

ASSISTÊNCIA JUDAICA AOS CRISTÃOS DURANTE A PRIMEIRA GUERRA MUNDIAL
Mais tarde, na sequência da Primeira Guerra Mundial, as hostilidades entre muçulmanos shiitas e cristãos maronitas chegaram a seu ápice. A maioria dos habitantes das aldeias cristãs atingidas (entre eles Deir Mimus, Majaryoun, Jedida e Abel al-Kumh) fugiu, e muitos terminaram na cidade de Sidon, famintos e miseráveis.
Pinchas Na'ama, que trabalhou para a Agência Judaica nas comunidades judaicas do Levante, enviou uma mensagem urgente a seus superiores em Jerusalém solicitando fundos emergenciais para assistir os refugiados cristãos. Os refugiados foram alimentados e vestidos e seus filhos foram admitidos na escola judaica em Sidon.

Esses atos filantrópicos foram lembrados anos mais tarde pela Igreja Maronita e acabaram por causar um grande impacto em suas opiniões e atitudes para com a comunidade judaica e o Estado de Israel.


Palavras do patriarca Arrida em um discurso na sinagoga de Beirute, em 1937:

"Os judeus não são apenas os nossos antepassados, mas nossos irmãos. Nossa origem é a mesma, a nossa língua é quase comum e nosso pai é o pai deles. Estamos orgulhosos de pertencer à mesma raça. Devemos tudo ao judaísmo, os nossos ensinamentos são tirados de sua lei sagrada. Nossa fé é semelhante. Nós amamos o mesmo Deus e amamos Jerusalém tanto quanto eles. Nós queremos, sinceramente, que nossa relação com eles seja constante e que renda muitos frutos. Nos ajudamos uns aos outros e desejamos, com todo nosso coração, que Deus liberte os judeus das opressões e perseguições de que são vítimas. Nós manifestamos nossos mais sinceros votos de paz e tranquilidade aos judeus, porque sentimos o quão sincero e precioso é o seu amor por nós."


Arrida também esteve envolvido em esforços de salvamento dos judeus alemães após a ascensão de Hitler ao poder naquele país. Ele e outros líderes cristãos libaneses sugeriram a idéia de permitir a entrada desses judeus no Líbano.

Dez anos mais tarde, quando a demanda por um Estado judeu foi ganhando força, a ONU criou uma comissão especial para examinar a viabilidade de estabelecer esse estado. Segue abaixo o depoimento do arcebispo Mubarak em frente da comissão UNSCOP:

Beirute, 5 de agosto de 1947

Senhor:

Lamento que a minha ausência na Europa coincidiu com a visita da Comissão Especial sobre a Palestina, caso contrário eu teria tido a oportunidade de expressar minha opinião - que é, aliás, a da maioria do povo libanês - com relação a esta questão.

Esta não é a primeira vez que expresso minha opinião sobre esta matéria. Muita tinta já foi gasta e, depois de cada uma das minhas denúncias, a imprensa mundial tem aproveitado as minhas palavras e feito diversos comentários sobre tudo o que disse.

Aqui no Oriente Médio – que é em sua maioria muçulmano – se o atual governo libanês for reconhecido como tendo um direito oficial para falar em nome da nação libanesa, nos sentimos obrigados a responder e a provar que os atuais governantes representam apenas a si mesmos e que as suas chamadas “declarações oficiais” são ditadas apenas pelas necessidades do momento e por uma solidariedade imposta neste país eminentemente cristão, graças as suas ligações com os países islâmicos que o cercam por todos os lados e o mantém em sua órbita político-econômica.

Em razão de sua posição geográfica, história, cultura e tradições, da natureza de seus habitantes e de seu apego a sua fé e a seus ideais, o Líbano tem sempre, mesmo sob o jugo otomano, se mantido longe das garras das outras nações que o rodeiam e tem conseguido manter sua tradição intacta.

Por outro lado, a Palestina, o centro ideológico de toda a Bíblia, sempre foi a vítima de todas as dificuldades e perseguições. Desde tempos imemoriais, qualquer coisa com qualquer significado histórico sempre foi saqueada, pilhada e mutilada. Sinagogas e igrejas foram transformadas em mesquitas e, não sem razão, a importância dessa parte ao leste do Mediterrâneo foi reduzida a nada.

É um fato incontestável que a Palestina foi a casa dos judeus e dos primeiros cristãos. Nenhum deles era de origem árabe. Pela força brutal da conquista eles foram forçados a se converter à religião muçulmana, e é essa origem dos ‘árabes’ naquele país. Pode-se deduzir daí que a Palestina algum dia foi árabe?

Vestígios históricos, monumentos e lembranças sagradas das duas religiões permanecem vivos como evidência do fato de que este país não estava envolvido na guerra entre príncipes e monarcas do Iraque e da Arábia. Os Lugares Santos, os templos, o Muro das Lamentações, as igrejas e os túmulos dos profetas e santos, enfim, todas as relíquias das duas religiões, são símbolos vivos que, por si só, invalidam as declarações agora feitas por aqueles que têm interesse em fazer da Palestina um país árabe. Incluir a Palestina e o Líbano no grupo de países árabes é negar a história e destruir o equilíbrio social no Oriente Médio.

Estes dois países, essas duas pátrias, provaram até agora que suas exitências como entidades separadas e independentes são úteis e necessárias.

O Líbano, antes de tudo, sempre foi e continuará sendo um santuário para todos os cristãos perseguidos no Oriente Médio. Foi lá que os armênios que escaparam do extermínio na Turquia encontraram refúgio. Foi lá que os caldeus do Iraque encontraram um lugar seguro quando foram expulsos de seu país. Foi lá que os poloneses, numa Europa em chamas, se refugiaram. E foi lá que os franceses, forçados a fugir da Síria, encontraram proteção. Foi lá que as famílias britânicas da Palestina, fugindo do terrorismo, encontraram refúgio e proteção.

O Líbano e a Palestina devem continuar a ser o lar permanente das minorias.

E qual foi o papel dos judeus na Palestina? Considerando sob esse ângulo, a
Palestina de 1918 parece-nos um país árido, pobre, despojado de todos os recursos e o menos desenvolvido de todos os vilarejos turcos. A colônia muçulmano-árabe vivia no limite da pobreza. A imigração judaica começou, as colônias foram formadas e estabelecidas e, em menos de vinte anos, o país foi transformado: a agricultura floresceu, grandes indústrias foram estabelecidas e a riqueza veio para o país.
A presença de uma nação tão bem desenvolvida e laboriosa ao lado do
Líbano não poderia deixar de contribuir para o bem-estar de todos – o judeu, que é um homem de habilidade executiva prática, e o libanês, que é altamente adaptável e, por essa
razão, sua proximidade viria para melhorar as condições de vida dos habitantes.

Do ponto de vista cultural, estes dois países podem se gabar de ter tantos intelectuais e pessoas cultas quanto todos os outros países do Oriente Médio somados. Não é justo que a lei deva ser imposta por uma maioria ignorante desejosa de impor sua vontade.

Não seria justo permitir que um milhão de seres-humanos evoluídos e educados sejam joguete de poucas pessoas que, eventualmente estejam no comando e que liderem alguns milhões de ignorantes involuídos que ditam a lei como bem entendem.
Existe uma ordem no mundo, uma ordem que estabelece o equilíbrio adequado. Se as Nações Unidas estão realmente desejosas de manter essa ordem, elas devem fazer todo o possível para consolidá-la.

As principais razões de natureza social, humanitária e religiosa exigem a criação, nesses dois países, de duas pátrias para as minorias: um lar cristão no Líbano, como sempre houve, e um lar judaico na Palestina. Estes dois centros, ligados um com o outro geograficamente e se apoiando e ajudando economicamente, farão a ponte necessária entre o Ocidente e o Oriente, a partir do ponto de vista da cultura e civilização. As relações de vizinhança entre estas duas nações contribuirão para a manutenção da paz no Oriente Médio, que é tão dividido por rivalidades, e vai diminuir a perseguição de minorias, que sempre encontrarão refúgio nestes dois países.

Essa é a opinião dos libaneses que eu represento e é a opinião deste povo a quem a sua Comissão de Inquérito foi incapaz de ouvir.

Por trás das portas fechadas do Hotel Sofar vocês só foram capazes de ouvir as palavras ditadas aos nossos chamados ‘representantes legais’ pelos donos e senhores dos países árabes vizinhos. A voz real dos libaneses foi sufocada pelo grupo que falsificou as eleições de 25 de Maio.

O Líbano exige a liberdade para os judeus na Palestina – da mesma forma que deseja a sua própria liberdade e independência.

Tenho a honra de ser, etc,

(assinado) Ignace Mobarat (Mubarak)

Arcebispo maronita
de Beirute.


Carta traduzida para o inglês
Original em francês

sábado, 25 de fevereiro de 2012

Igreja Saint Mina, Imbaba, Egito

Um grupo de 500 muçulmanos cercou, na noite de sábado (7 de maio), uma igreja cristã no bairro de Imbaba, no Cairo. A ação deu início a um conflito que resultou na morte de 12 pessoas; há pelo menos 220 pessoas feridas. Dois templos foram incendiados. A imprensa “islamicamente correta” — o “politicamente correto” de turbante — tem tratado a questão como “confronto entre cristãos e muçulmanos”. Errado! Desde a chamada “revolução democrática”, a minoria cristã copta, 10% da população, tem sido implacavelmente perseguida pelas mais variadas correntes muçulmanas. Invasão e destruição de igrejas e casas de cristãos mereceram senão pequenas notas na imprensa, como se fossem casos isolados. Não são.
A ocorrência do sábado teria sido provocada por um grupo de militantes salafistas, corrente extremista do Islã que tem ganhado vulto depois da queda de Mubarak. A intolerância religiosa é crescente. Esses eventos expõem o caráter da chamada “revolução democrática” no Egito.


Mas para quem acha que a intolerância religiosa no Egito é um fenômeno recente, segue abaixo trecho do depoimento do viajante dinamarquês Carsten Niebuhr, que esteve no país no século XVIII:
"No Cairo, nenhum cristão e nenhum judeu pode mostrar-se montado em um cavalo. Eles só montam em burros e devem desmontar tão logo se deparam com um egípcio, mesmo o menos importante. Os egípcios só saem em cavalos e precedidos por um servo insolente que, armado com um grande bastão, adverte o homem no burro para mostrar os sinais obrigatórios de respeito pelo seu mestre, gritando: "Infiel, desmonte! ...
É verdade que no Egito essas distinções entre muçulmanos e pessoas pertencentes a outras religiões são feitas em uma escala maior do que em qualquer outro lugar no Oriente. Cristãos e judeus devem ir ao chão até mesmo em frente a casa do Cadi; na frente de mais de cerca de vinte outras casas onde os juízes dão justiça, em frente ao portão dos janízaros e na frente de várias mesquitas. Não é tolerado que eles passem na frente de várias mesquitas muito veneradas por sua santidade ou pelo bairro al-Karafe, onde muitos túmulos e casas de oração estão localizados; eles devem fazer um desvio para evitar estes lugares, ja que o próprio terreno é tão sagrado aos olhos do povo que não se pode tolerar que seja profanado pelos pés dos infiéis."

[M. Niebuhr, Travels through Arabia and Other Countries in the East, vol. I (Edinburgh 1792), pp 81-82. Quoted by Yahudiya Masriya, pp 29-30]

Essa descrição foi confirmada algum tempo depois por um membro do grupo de pesquisas científicas de Napoleão, que visitou o Egito com ele:
"Os cristãos e os judeus eram obrigados a desmontar de seus burros."

[Tableau de l'Egypte pendant le sejour de l'Armee francaise, par A.G....D, membre de la Commission des Sciences et Arts, seant au Kaire, an XI, 1800, vol. I, p 14. Quoted by Yahudiya Masriya, p 30]

Haj Mohammed Effendi Amin el-Husseini


Esta foto, infelizmente ainda pouquíssimo conhecida no Brasil, pode não ser uma obra-prima artística, mas é decerto uma das mais importantes e reveladoras do século XX. Quem quer que, sem ser capaz de reconhecer os fotografados nem de explicar por que ambos estão posando tão amistosamente juntos para o fotógrafo, meta-se a opinar ou, pior, pontificar sobre certos conflitos contemporâneos não sabe do que está falando.

Na foto acima está Haj Amin al-Husseini, o Mufti de Jerusalém e tio de Yasser Arafat, quando este foi recebido por Hitler em 28 de novembro de 1941. O líder árabe propôs uma declaração a ser assinada pelos líderes do Eixo a qual afirmava que: "A Alemanha e a Itália reconhecem o direito dos países árabes de resolver a questão do elemento judeu, que existe na Palestina e em outros países árabes, como é exigido pelos interesses nacionais e étnicos dos árabes, tal como a questão dos judeus foi resolvida na Alemanha e na Itália".


O mufti colaborou ativamente no extermínio dos judeus no Holocausto.

Segundo depoimento no julgamento de Nuremberg dado pelo lugar-tenente de Adolf Eichmann, Dieter Wisliceny, "o Mufti foi um dos iniciadores do extermínio sistemático dos Judeus da Europa e foi um colaborador e conselheiro de Eichmann e Himmler na execução desse plano. Ele era um dos melhores amigos de Eichmann e constantemente o incitava a acelerar as medidas de extermínio. Ouvi ele mesmo contar que, acompanhado por Eichmann, visitou incógnito as câmaras de gás de Auschwitz ".

Husseini interveio pessoalmente para conseguir que Himmler cancelasse a troca de 5 mil crianças judias polonesas por prisioneiros de guerra alemães, que estava sendo negociada com a Cruz Vermelha. As crianças estavam internadas no gueto de Theresienstadt e foram removidas para campos de extermínio e assassinadas.

Mais sobre a vida e os feitos de Husseini